No passado dia 10 de Abril, com uma meteorologia muito instável, várias equipas compostas por pilotos que participam nos Troféus de Naked Bikes, ie, na Tuonocup e na Zcup, voltaram a estar presentes na prova de resistência “3 Horas do Estoril” organizada pelo MCE, que tem um carinho especial por esta prova, cuja edição de 2020 tinha sido cancelada devido à pandemia.

Assim foram vários a aproveitar esta oportunidade para voltarem às corridas, depois de meses de confinamento e outras restrições decorrentes da pandemia. Não só voltaram, como deram e bem “nas vistas” ao registarem mais um feito histórico, a somar ao registado em 2018, e ao vencerem sem oposição a Classe3 – Naked Bikes, pela 4ª vez consecutiva!!  Mas já lá vamos!

Apesar de um menor número de equipas do que em anos anteriores, 12 nesta edição, metade dessas equipas eram compostas ou por nakeds da Tuonocup e da Zcup, ou por pilotos que participam ou já participaram nestes troféus, como era o caso do Bernardo Villar e de Frédèric Bottoglieiri que integravam equipas de outras Classes. Apesar da Classe 3 poder acomodar qualquer moto do tipo naked existente no mercado, mais uma vez só compareceram motos que integram estes troféus.

Porque a edição de 2020 não aconteceu, esta edição foi a primeira a contar com as Tuono da Tuonocup que se combinaram em equipas de uma só cor, como as dos dorsais #12 e #141 com os dois pilotos a partilharem uma Tuono, ou bicolor, como a equipa #22 que juntou uma Tuono com uma Z, ou ainda multicolor como a #53 que juntou uma Tuono com duas R6.  Uma diversidade interessante que adicionava uma nota de interesse adicional à prova.

Destaque para a equipa #53, composta por Luis Soares, Hermano Sobral e António Machado, cuja soma de idades dava o impressionante total de 205! Eventualmente um novo recorde!! Excelente exemplo de espírito e atitude, pois nem a duração da prova, as suas particularidades ou a instabilidade meteorológica os impediram de estarem presentes. Parabéns!!

Das equipas da Classe 3, destaque para a equipa #22 que juntou o rápido Luis Franco com a sua Tuono, que se estreia nesta época na Tuonocup, e o conhecido jornalista e também rápido piloto, Marcos Leal, com a sua Z900, com que vai tentar ser o 6º vencedor diferente do troféu Zcup. As outras equipas partilhavam uma Tuono, com a #12 a contar com o vencedor da edição de 2016 da Zcup, Miguel Sousa, agora numa Tuono lindíssima com que se irá estrear também na Tuonocup, e Anselmo Vilardebó, o conhecido piloto destes troféus que trocou a Z pela Tuono na época passada. Convém recordar que Vilardebó é também apelidado no meio por “aquaman” pelas suas performances à chuva o que, dadas as circunstâncias meteo, fazia subir as apostas nesta equipa.  A outra equipa, a #141, reunia o vencedor da Tuonocup da época passada, Duarte Amaral, com o promotor destes troféus e também piloto, Paulo Vicente, cujos pergaminhos somados, colocavam esta equipa como a favorita à partida nesta Classe.

Curiosidade sobre o número 141, que decorre da combinação do dorsal de André Pires (#14), piloto português que se estreia nesta época no mundial de MotoE, a quem todo o paddock do CNV deseja a melhor sorte, com o dorsal do principal piloto da Aprilia em MotoGP, Aleix Espargaró (#41), que tem sobressaído com a recente Aprilia RS-GP também motorizada por um V4 como a Tuono.

Dadas as condições meteo, o trackday organizado pela Motoval durante a parte da manhã, assim como os treinos livres, não foram demais para afinar motos, pilotos e estratégias, para além de ter ajudado a entender a aleatoriedade das condições da pista que se antecipavam para a prova.

Qualificação

Apesar da Qualificação não ser determinante numa prova de resistência, esta não deixa de ser relevante para medir o real potencial das equipas, pois é a média dos tempos dos pilotos que determina o lugar da equipa na grelha de partida. Note-se que o procedimento de partida do tipo “Le Mans”, determina uma grelha peculiar formada pelas motos em fila sequencial junto ao muro do pitlane, dando ainda maior destaque aos detentores da pole, pois é a primeira moto dessa fila.

Ora, pela primeira vez na história desta prova, uma moto da Classe3, uma moto “naked”, consegue fazer a pole-position! Tal façanha foi conseguida pela Tuono #141, fazendo jus ao favoritismo de entre as “naked” mas demonstrando também que era preciso contar com ela para a classificação absoluta, ou “à geral”.  Muito bom!!

Corrida

O arranque ao estilo “Le Mans”, com as motos alinhadas junto ao muro das boxes e os pilotos do outro lado da pista, decorreu sem incidentes e, com a bandeirada de arranque, os pilotos lá correram para as suas motos com a equipa #141 a falhar o holeshot que tinha conseguido no ensaio da partida.

A equipa que já tinha mostrado mais andamento nos treinos livres, a #20 da Classe2, faz o holeshot e começa a liderar a corrida com autoridade, mas quem surpreende tudo e todos, é a equipa #22 de Luis Franco e Marcos Leal! Apesar de arrancarem mal, sobem logo à 2ª posição da geral e a lideram, também com autoridade, a Classe3.  Incrível! Note-se que a moto que a equipa optou por fazer o primeiro turno, foi a Z900 e não a TuonoV4 e, apesar de irem com uma moto inferior às potentes e sofisticadas 1000, fazem logo um brilharete destes!  Muto bom!!

Depois de alcançada a histórica pole-position, já havia alguma expectativa sobre o desempenho da equipa #141 e de forma geral sobre as “naked” da Aprilia, as Tuono, mas vê-la a liderar a corrida da volta 15 à 44, das quais 5 andou em 2º, fez toda a gente pensar que estes estavam bem lançados para registar outro marco histórico com a vitória de uma “naked” à geral. Tal era reforçado por terem sido quem mais voltas deu consistentemente nos lugares do pódio, ao fazê-lo da volta 4 à 52, exceptuando as 3 voltas iniciais e duas outras que os fizeram descer ao 4º lugar depois de trocarem de pneu traseiro, somando assim 37 voltas, mais 3 dos que as voltas da equipa que veria a vencer a prova à geral.  Mas para ganhar é preciso terminar, e foi isso que um pneu de chuva dianteiro já bastante gasto, impediu. Uma pequena escorregadela da frente na curva 12 da volta 53, deitou por terra, literalmente, esta possibilidade, deixando a Tuono incapaz de regressar à pista e dando por terminada ali a corrida. É assim, acontece, faz parte. Siga.

Mas idêntico desfecho aconteceu com a equipa #12, mas com consequências mais graves para o piloto Vilardebó, pois uma pinça de travão menos bem apertada, obrigou este saltar da moto na forte travagem para a curva 1, depois de ter ficado sem travões no ponto mais rápido do circuito! Uma situação que fez lembrar outra idêntica acontecida com Maverik Viñales, piloto de MotoGP, quando a sua Yamaha ficou sem travões obrigando-o a ejetar-se imediatamente da sua moto, para evitar uma queda que podia ter graves consequências. A corrida terminou naturalmente aí, pois nem moto nem piloto ficaram em condições de regressar depois de tal episódio. Felizmente o piloto, apesar de contundido e agora apelidado de Viñaldebó, com a sua rápida e temerária decisão, conseguiu evitar lesões graves, esperando que melhore e regresse rapidamente aos circuitos.

Parece que Manto, o deus do azar, apontou a sua mira às “nakeds”, pois também a equipa #22 teve a sua dose de azar. Diga-se que as condições meteo e, consequentemente da pista, muito ajudaram a esse azar, mas depois de surpreender tudo e todos ao ocupar os lugares cimeiros, Luis Franco, à 9ª volta, não consegue evitar um despiste e regressa às boxes com a Z algo arranhada, mas sobretudo muito enlameada. Marcos Leal, toma a liderança das operações, limpa e recupera o melhor possível a moto com a ajuda de uns e outros, e consegue ainda regressar à pista minutos depois. A resiliência do piloto, seguido de idêntica atitude do seu colega de equipa, leva-os a completar a corrida sendo recompensados com a vitória da Classe3. Fantástico!! De realçar que as condições de corrida continuaram uma desgraça, mas nada os fez baixar os braços. Muito bom!! Mostraram bem qual é a atitude certa para obter resultados em provas de resistência: nunca desistir!!

Independentemente dos resultados e dos incidentes, todos saíram satisfeitos de “lá terem ido” e terem aproveitado esta prova extra-campeonato, para “rodarem mais um pouco” e fazerem aquilo que mais gostam no sítio certo!!

Agora é tempo de recuperar físico e motos, pois já todos estão a pensar no fim-de-semana de 1e 2 de Maio para a 1ª prova dos Troféus de Naked Bikes, integrada no CNV Moto, antes de rumarem depois para Jerez ainda no mesmo mês, para arrancarem uma época 2021 que promete, com estreias a acontecerem tanto na Tuonocup como na Zcup!

Galeria de Fotos – 3 Horas do Estoril 2021

Fotos por Hellofoto

Este artigo foi publicado igualmente em https://zcup.pt/3-horas-estoril-2021-zcup/