Depois das peripécias da ronda anterior no Estoril, a “caravana” das naked-bikes “portuguesas” rumou para a catedral de Jerez onde, tal como em Navarra, se juntou às várias categorias do CIV – Campeonato Interautonómico de Velocidad, somando as 15 “nákedbiques” à extensa lista de participantes que o CIV conseguiu reunir para o fim-de-semana, num total de 292! É obra!

Com os portugueses dos TNB, estiveram outros portugueses, uns para correr, outros para treinar, como o campeão Ivo Lopes, juntando-se a “figuras” como Steven Odendaal e Ilya Mikhalchik, que acrescentam um toque “pro” a um campeonato talhado sobretudo para amadores.

Nesta sexta ronda dos TNB 2022, e segunda em Espanha, voltámos a contar com Francisco Agut #76, na sua Z900 ex-Z Cup, a que se juntou Chris Doremalen #15, na sua Z900 Zcup PT Edition e Jérome Loger #38, com a Tuono ex-Damaral. Estes somaram-se aos 12 habituais que militam na S1000R Cup, Tuonocup e Zcup, saudando-se o regresso de Nuno Farias #21, da S1000R Cup, ainda em recuperação do acidente tido na ronda 4, no Estoril, e registando a transferência de Frédèric Bottoglieri #11, da Zcup para as “outras naked”, ao trocar a sua Z900 por uma Triumph StreetTriple 765 RS.

Num paddock completamente cheio, vibrante de paixão, as agora baptizadas pelo CIV como “Trofeo Naked Bikes TNB1 y TNB2”, realçando que no CIV não se reconhecem, para efeitos de pódio, e desde Navarra, os troféus de forma individual, mas o conjunto de motos acima ou abaixo de 140Cv construtor, “categorias” designadas lá como TNB 1 e 2, deram nas vistas e impressionaram “meio-mundo”, não só, pelo colorido que aportam, pela animação em pista que acrescentam, pelo comportamento exemplar dos pilotos dentro e fora da pista, detalhe enfatizado pela organização do CIV, mas, também, pelos tempos por volta que conseguem registrar estes veteranos pilotos com este tipo de motos.

Alguns conseguiram ainda aproveitar os treinos livres de quinta-feira, pois as “coisas” começavam a “sério” já na sexta-feira com a primeira sessão de treinos cronometrados. Para Jerez, o CIV optou por atribuir 2 sessões de cronometrados para definir a grelha de partida das duas corridas.  Por terem “casa-cheia” com as 11 categorias presentes, a 1ª sessão de Qualificação foi realizada na sexta-feira, à tarde, tendo a 2ª sido realizada no sábado, ao final da manhã, antes da Corrida 1, “atirada” para o final do dia.

O CIV, ao colocar a corrida de sábado no final do dia, fez a Dunlop alertar para a eventualidade dos pneus M das motos mais potentes, as da TNB1, se destruírem devido à esperada forte redução da temperatura do asfalto. Ao não terem, em Jerez, disponíveis os pneus regulamentares, os D212 slicks, e tendo os traseiros, os da medida 200, sido racionados desde a ronda anterior, devido a falhas de produção, foi aberta a excepção para as motos do TNB1, e só estas, utilizarem os KR SC2 nesta medida. Dos 10 presentes, 6, optaram por utilizar estes pneus que acabaram por não produzir diferenças em pista.

A somar a estes detalhes, a organização do CIV optou por atribuir 11 voltas às duas corridas, em vez das habituais 10, alteração que foi aceite por unanimidade dos participantes. Mas vamos ao que interessa!

Treinos Cronometrados

Com uma meteo fantástica, tanto na sexta-feira à tarde, como no sábado de manhã, no combinado das sessões de Qualificação, a Tuono de Pável Bogdanov #7 aproveitou, logo na sexta-feira, para baixar 8 décimas ao recorde anterior das naked-bikes neste circuito, recorde que já era seu, ao registar o tempo canhão de 1:50,982!! Foi de tal forma fantástico que Bogdanov preferiu não fazer a segunda sessão, para poupar os pneus para as corridas!!

Atrás dele, ficou a Tuono de Paulo Vicente #62, mas já a mais de 1,5s, seguido pela mais rápida das BMW, a S1000R de Duarte Amaral #10, a somente 0,15s daquele. Surpreendentemente (ou não), o 4º mais rápido, foi a Triumph 765 de Bottoglieri, a 1,5s, logo seguido pela Tuono de Anselmo Vilardebó #12, a 0,55s que, entretanto, tinha falhado a sessão de sexta-feira. Atrás deste, ficou a Tuono do francês Jerôme Loger #38, a 0,19s, que conseguiu superar a BMW de Ricardo Almeida #31 na segunda sessão, por apenas 0,41s. De realçar a performance de Almeida que era o único que nunca tinha rodado neste circuito. Muito bom! Atrás deste, classificou-se a BMW de Marcos Perez #49 por quase nada (0,11s), e a Tuono de Miguel Sousa #5 que ficou “logo ali”, a 0,19s de Perez.  A BMW de Farias subiu ao top 10 de uma sessão para a outra, na frente do trio de Zs, liderado por Ricardo Pires #14, na frente de Francisco Agut #76 e de António Reis #88. A melhorar substancialmente de uma sessão para a outra, esteve a BMW de Luis Metello #6 que superou a Z de Doremalen deixando este fechar a classificação para a grelha de partida.

Corrida 1

Com o sol já a deitar-se (já passava das 19:00 locais!) e com um vento forte e frio a levantar-se, a Tuono de Bogdanov faz o holeshot seguido de perto pela Tuono de Vicente e a BMW de Amaral! Bogdanov roda imediatamente cerca de 1s mais rápido que os que o perseguem e, apesar de começar a sentir problemas na embraiagem, vai ampliando a sua vantagem até ao final vencendo com 11,8s de vantagem sobre Amaral, num “remake” das corridas recentes. Não está fácil bater Bogdanov!!

Entretanto a BMW de Amaral ensaia a ultrapassagem à Tuono de Vicente na volta 2, mas este resiste e só se deixa superar à oitava volta, quando Amaral faz o seu melhor tempo (1:52,364) e deixa Vicente “entretido” com os problemas na caixa de velocidades da Tuono. Este lá vai conseguindo sobreviver aos problemas e consegue segurar o 3º lugar da geral, 22s na frente de Bottoglieri que vence as TNB2, 6s na frente da Tuono de Sousa, que consegue superar a Tuono de Vilardebó, por meras 75 milésimas (!) Este despique esteve animado!!

A ver este despique das Tuono #5 e #12, esteve a Tuono de Loger que termina logo a seguir a 0,6s de Vilardebó. A BMW de Perez que tinha baixado a P10 na primeira volta, ainda sobe até P8, mas já sem hipóteses de alcançar Loger. A BMW de Farias termina logo a seguir, depois de ter andado em P5 e conseguido até superar o tempo de qualificação! Mas as mazelas da queda anterior não deixaram o piloto aguentar a posição. Não está fácil!

A Z de Pires segura facilmente o 2º lugar das TNB2, na frente das Zs de Agut e Reis, enquanto Doremalen se vê obrigado a desistir com problemas mecânicos. A BMW de Metello fecha a classificação, sentindo dificuldades com o sol e o vento forte que soprou. Quem também não termina a corrida, é a BMW de Almeida que, ao falhar a travagem da curva 1 na segunda volta, quando ia em P4, vê-se obrigado a abandonar. Felizmente ao não ter havido queda, tanto piloto como moto, estavam prontos para a corrida de Domingo.

Corrida 2

A pedido do promotor, o CIV aceita que a corridas das nakeds portuguesas seja a primeira do dia, facilitando assim o regresso de todos a casa.

Apesar de se realizar às 10:40 locais, como a meteo estava fantástica, com o sol a brilhar e sem vento, a tendência seria o asfalto aquecer e não arrefecer como no dia anterior.

Lançados os dados, mas sem a presença das Z de Doremalen e de Reis que optaram por desistir, desta vez é a Tuono de Vicente que faz o holeshot e lidera a primeira volta, na frente da BMW de Amaral, da Tuono de Bogdanov, da BMW de Almeida e de Bottoglieri, que hoje se sente capaz de acompanhar os ”aviões” da TNB1.

Vicente, ainda a braços com os problemas de caixa, não consegue resistir à BMW de Amaral que o passa na volta 2, sendo passado pela Tuono de Bogdanov na volta seguinte e por Bottoglieri na volta 4, mas recuperando o 3º da geral, quando Bottoglieri fica sem gasolina na última volta!! Pois é, ao conseguir rodar no segundo 52, as contas de combustível do francês dos TNB2, saíram furadas e acabou a corrida a empurrar a moto. No entanto, como tinha cumprido mais de 75% do percurso, foi classificado e, com a desistência de Reis e Doremalen, ainda conseguiu subir a este pódio! Viravoltas das corridas!!

Lá na frente, a Tuono de Bogdanov, depois de perder o duelo para o holeshot, roda no 51 baixo e passa a BMW de Amaral na volta 5, vencendo a corrida na frente deste, mas agora por somente 5,5s, pois Amaral ainda se bateu bem, tendo inclusive registado o seu melhor tempo do fim-de-semana, ao rodar em 1:51,800!

Logo a seguir, a BMW de Almeida supera Bottoglieri no arranque, mas é passado por este na volta 2, mantendo-se intocável até ao final, terminando em P4 da geral depois de subir um lugar, na sequência do erro de Bottoglieri. Parabéns ao piloto por ter evoluído consistentemente ao longo do fim-de-semana, ter recuperado do erro da corrida 1 e, sem experiência prévia nesta pista, ter conseguido baixar ao segundo 53. Muito bom!

Atrás de Almeida, ficou o trio de Tuonos de Vilardebó, Loger e Sousa, que depois de passarem a BMW de Perez, já a acusar o cansaço do fim-de-semana, animaram um despique até ao final, terminando a corrida por esta ordem. Grande animação!! A Z de Pires e de Agut e a BMW de Metello, apesar de rodarem mais rápido, repetem as posições da corrida anterior, mas sobem todos um lugar à geral com o erro de Bottoglieri, conseguindo assim Pires, a vitória nos TNB2.

Foi mais um fim-de-semana fantástico, onde o tempo esteve clemente para a prática da modalidade, um paddock animado com a casa cheia, numa pista carismática e obrigatória para todos os amantes da Velocidade em motos!

Terminada esta sexta ronda da época, os participantes dos 3 troféus (S1000R Cup, Tuono Cup e Z Cup) e “outras naked”, têm agora um mês de pausa até ao “triple header” que se inicia com Estoril 4, no fim-de-semana de 29 e 30 de Outubro, para saltarem, no fim-de-semana seguinte, a Aragón, para a última ronda com o CIV, regressando a Portugal para terminar a época no fantástico circuito de Portimão, no fim-de-semana de 19 e 20 de Novembro. Nas contas dos troféus, depois da ronda 6, temos:

Fotos de Vic Schwantz Barros e Hellofoto

TNB 6

Tuono Cup

Podiums

Fotos de Vic Schwantz Barros e Hellofoto

Tuono Cup

TNB 5

Podiums

Este artigo foi publicado igualmente em https://s1000rcup.pt/2022-tnb6 e https://zcup.pt/2022-tnb6